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Prólogo

Das muitas lembranças que algum dia já tive, com certeza a mais antiga era de quando tinha treze anos de idade. A data em particular me era especial, pois foi a primeira vez que tive contato com a magia. Na época, meu querido pai, um nobre e rico barão, tinha preparado uma grandiosa festa para comemorar suas recentes conquistas e dezenas de acrobatas, músicos, dançarinos e místicos foram chamados para entreter seus convidados durante o banquete.

Em meio a tantos místicos, havia um velho que me chamou a atenção. Ele era conhecido como Aribal o Sábio, um senhor com seus 40 anos, de longos cabelos negros já com alguns fios brancos que fazia questão de esconder. Ele havia mostrado mais do que simples truques, onde com o dom de suas palavras e com sua personalidade carismática, conseguiu não somente a atenção dos convidados como o respeito de meu pai, portanto, da apresentação para o convite que viria a seguir, foram apenas questões de minutos.

Alguns anos mais tarde, Aribal me confessaria que a vida na estrada é difícil e depois de certa idade, mesmo místico poderoso pode passar fome ou ser simplesmente morto por algum bandoleiro. Ele já estava cansado da vida de andarilho e até mesmo das aventuras e agora buscava um lugar onde pudesse terminar sua vida tranquilamente. Desejo esse que meu pai o ajudou a realizar, dando-lhe uma pequena, mas confortável, casa assim como alguns empregados. Em contrapartida, ele deveria auxiliá-lo em questões importantes sobre as coisas místicas e cuidar de minha educação.

E foi assim que passei grande parte da minha juventude cercado de ensinos arcanos e religiosos. O velho passava parte do seu tempo dividido entre seus experimentos nas artes místicas e minha educação. Entretanto, infelizmente nunca tive o dom para as coisas arcanas, mas o mundo espiritual religioso me tocou o coração, principalmente sobre as histórias dos deuses guerreiros. Aribal uma vez me disse que eu tinha sido tocado por uma divindade e que tinha certeza que essa definiria o meu destino. Mesmo com um ótimo professor e esforço, meu maior interesse era no manejo da espada e do arco, assim como montar, algo que fazia com maestria espetacular durante as caçadas que fazia com meu pai.

Quando completei meus vinte e três anos de idade, uma das dezenas de guerras que meu pai costumeiramente lutava veio a tirar sua vida e também nossas terras. Fui então obrigado a fugir e me esconder nas terras de aliados que foram tão receptivos e acolhedores quanto serpentes. Em meio a essa confusão cabia somente a mim duas escolhas: sujeitar-me a humilhações diárias de meus acolhedores aliados ou escolher meu próprio destino. Na verdade, a escolha não foi tão difícil assim e parti o quanto antes.

Vivi por longo tempo como cavaleiro, mas os deveres da honra são difíceis de forrar o estomago com pão se você não é um nobre com terras. Sem opções, acabei como um mercenário onde lutei em diversos campos de batalha e fiz muito mais inimigos do que amigos em minhas caminhas pelos reinos.

Entretanto, foi em uma destas andanças que novamente tive contato com a magia. Conheci um bêbado, fanfarrão, briguento, mas muito amigo. Seu nome? Petas. Ele era o tipo de pessoa que você não dá nada, mas contraditoriamente sua habilidade e conhecimentos dos antigos poderes místicos o classificavam como um poderoso mago e a perda de sua família em uma das recentes guerras foi o suficiente para levar o homem ao fundo de um copo e lá deixá-lo em pedaços.

Foi o próprio fundo do poço que acabou juntando nossos destinos e passamos a nos ajudar, vivendo de pequenos serviços que nos levavam de florestas místicas a montanhas proibidas e foi durante um destes servicinhos que Petas teve contato com um antigo livro sagrado, desconhecido para os humanos. O livro não se diferenciava de outros anteriormente encontrados em outros de nossos serviços, a não ser pelo fato de que em sua contra capa havia escondido um mapa, um estranho mapa que levava a um portal, que se encontrava em posição oposta ao famoso portal conhecido como Ponte de Palier.

Petas levou dias para entender o mapa e rascunhar no livro um antigo encanto de abertura de portal. Seguimos a trilha do mapa.

O que pensávamos em encontrar? Talvez ouro, talvez lindas virgens ou quem sabe poderes que pudessem transformar nossas miseráveis vidas em algo maravilhoso.

Decidimos então rumar para terras mais ao Sul, caminhamos nos topos das grandes montanhas e pelos corredores negros de vales sombrios até chegar aos grandes pântanos.

***


Apesar de algumas das referências do mapa terem se perdido ao longo do tempo, destruídos por outros povos ou mesmo pelo cataclismo, ainda foi possível seguir seus registros.

No momento em que nos encontrávamos perdidos no pântano, o destino sorriu para nós e formos encontrados, ou melhor, capturados pelos terríveis Sekbetes, o povo lagarto que habitava a região.

Mas como dizem, nunca sai de casa sem um mago poderoso. Um pouco de poder e rapidamente caímos nas graças do chefe tribal e dos sacerdotes locais.

Apesar da difícil comunicação, quando Petas apresentou o símbolo existente no mapa todos foram tomados por assombro e medo. O lugar era considerado amaldiçoado por eles e era o domínio de criaturas que se negavam a morrer.

A descrição do local foi satisfatória e guiados por dois batedores fomos levados aos limites da morada dos mortos, na falta de uma melhor denominação ao local.

As ruínas desta região impregnada de um mal palpável e responsável indiretamente pela vida profana dos mortos, fazia parte de um complexo de ruínas ainda maior espalhados pelos mangues, muitos deles submersos. Os templos de Lui-rem e Mini-rum, faziam parte destas estruturas antigas e desconhecidas para os povos que aqui residem.

Horas se transformaram em dias e à medida que avançávamos entre os mortos, mais o terror se tornava real, mas o desejo da descoberta me impulsionava à frente, em direção ao desconhecido.

Tempos depois me perguntei se não haveria sido a cobiça ou a semente maligna que existe em todos nós, que me nos atraiu para a cripta rubra.

Já não sabia há quanto tempo nós estávamos vagando no mangue e evitando os mortos-vivos que lá existiam, mas ao chegar às ruínas amaldiçoadas, percebi que o início de minha verdadeira jornada, estava somente começando.

As ruínas de um templo estavam cobertas por grandes árvores malignas e criaturas nefastas que provaram nossa grande resistência e perseverança.

Petas lançava magias e a minha espada golpeava incessantemente nossos inimigos, forçando-os a recuar e finalmente conseguimos adentrar as ruínas.

Hoje acredito que foi graças ao fato das criaturas se negarem a nos seguir para dentro da ruína que fomos capazes de sobreviver. Nós estávamos exaustos após a luta e paramos algumas horas para recuperar nossas forças e planejar um meio de sair dali.

Dentro do grande salão, agora coberto por limo e algumas plantas, não havia nada demais. Mas foi atrás de um velho altar que Petas descobriu uma pequena passagem secreta e escadas de pedras que nos levaram para baixo. Para dentro de uma câmara secreta.

Antes de prosseguir olhei mais uma vez para fora e pude ver alguns de meus antigos inimigos a olhar para dentro, impassíveis no limite do “santuário”, e por um segundo achei ter visto um deles expressar levemente um sorriso cadavérico.

Petas havia decido antes de mim e um frio correu pela minha espinha quando dei um passo para dentro da escuridão.

***


As tochas que portávamos iluminavam o caminho, mas não mais que cinco ou seis degraus a frente. Toda a luz parecia ser devorada pela escuridão que nos cercava e o medo do desconhecido parecia querer tomar conta de mim.

Algumas vezes parava e olhava para trás esperando que os guerreiros zumbis aparecessem para lutar, mas nada ocorria. O mais assustador era olhar para as trevas e perceber que algo lhe fitava de volta sem saber ao certo do que se tratava.

Ao final da descida havia contato 357 degraus e a pouca luz que antes podia ver da entrada já não mais existia. O chão feito em pedra trabalhada parecia se estender para todas as direções, mas depois de um pequeno feitiço de luz lançado por Petas, pude ver que o salão não era muito grande e tinha uma escada em espiral por onde descemos.

O salão tinha o formato de uma estrela com cinco pontas e tudo feito de uma pedra de coloração rubra sangue.

Colunas de pedra mantinham a abóboda e no centro um sarcófago cinza se encontrava em pé, onde uma máscara de pedra estava esculpida, assim como símbolos que se encontravam gravados no tampo e em torno do sarcófago.

Petas, após ler com cuidado, descreveu que os símbolos seriam de aprisionamento místico.

O local estava repleto de pequenas armadilhas e poderosos feitiços que nos consumiram muito tempo.

Finalmente chegando até o sarcófago, Petas teve que usar todo o seu poder para criar um poderoso encantamento de proteção e aprisionamento para nos permitir abrir o sarcófago e confrontar o que pudesse existir em seu interior.

Petas por cinco dias e cinco noites se alimentou e descansou.

No sexto dia, iniciou os encantamentos de quebra dos selos do sarcófago e quando o último foi desfeito, tivemos que usar de toda nossa coragem para não fugir correndo.

O medo e o terror tomaram a cripta. Uma fumaça intensa saiu do interior do sarcófago e o som forte, como estacas de madeira atingindo a rocha, denunciavam a aproximação da criatura.

Olhando para frente pude ver sua aproximação e seu primeiro contorno.

A criatura era nascida de um terrível pesadelo, deformada além da compreensão como os seres das profundezas deveriam ser, contudo apesar de todo o alarde feito não era mais que uma fera aprisionada e fraca.

Os séculos em que permaneceu preso e o esforço feito em vão para se libertar haviam debilitado o demônio. Apesar dos poderosos encantos feitos por Petas, se este demônio não tivesse debilitado como se encontrava, Petas não teria sido capaz de aprisioná-lo.

Com mais idade e conhecimento, percebi a sorte que tivemos e o quanto inconsequente estávamos sendo em confrontar tal criatura, já que havia outros métodos de conseguir as informações que desejávamos.

O demônio ficou a nos fitar por um tempo até que resolveu se aproximar e alcançar os limites do círculo de aprisionamento. Olhou com muito cuidado os desenhos feitos e o restante da câmara.

- Quem são vocês?

O som gutural de sua voz preencheu toda a câmara me fazendo tremer. Sua voz soava ainda mais assustadora, já que sua pronúncia era acentuada em algumas sílabas.

Petas pareceu vacilar no primeiro momento, mas recompôs suas forças e iniciou o diálogo.

- Você é meu prisioneiro e fará o que eu ordenar!!

Uma risada ocorreu e logo em seguida o demônio lançou de sua boca um fogo que tomou todo o círculo de aprisionamento. As chamas pareciam querer tomar tudo e consumir o mundo, mas logo se extinguiram.

- Quem você acha que é, verme?

- Agora sou o seu senhor e carcereiro! - Disse Petas com convicção.

Um novo mar de chamas ocorreu e gritos ainda mais altos. Posso dizer que por longas horas o demônio ficou tentando, até que ele percebesse que nada disso estava surtindo efeito. Mais ao longe eu testemunhava tudo sem pronunciar uma única palavra.

- Certo. Começamos com o pé esquerdo. Vou me apresentar, eu me chamo Albar.

Graças aos estudos de artes místicas que testemunhei durante minha juventude, pude perceber o demônio não falava a verdade, assim como Petas também percebeu.

Uma das primeiras coisas que se aprende é que descobrindo o nome de um demônio se é capaz de exercer o controle sobre ele.

- Se és Albar, convoco-lhe a passar pelo círculo de aprisionamento e me servir fielmente.

Como havia percebido, o demônio não tentou nem sequer andar em direção aos limites do círculo, sabendo que se tentasse passar por ele sem ser por aquele que se chama, estaria fadado a destruição.

- Deve estar me tomando por um principiante, demônio. Sei que só poderia passar se me dissesse seu nome verdadeiro, assim como estaria sujeito a me servir fielmente. - Disse Petas com grande convicção.

O ódio tomou conta de seu olhar e ele fitou bem nos olhos Petas.

- Deve então saber que suas palavras devem ser medidas com cuidado, pois ao teu menor deslize seu coração e sua alma serão meus.

- Deixe de enrolação. Diga seu nome. Agora! – Gritou Petas. E com um gesto começou a contrair o círculo de aprisionamento.

A criatura começou a caminhar e gritou quando o circo se aproximava, dando a impressão que algo o "queimava" mesmo sendo imune a fogo. Após urros e baforadas intermináveis, uma hora depois o demônio vociferou:

- Baalgor, criatura insolente. Baalgor!!!!

- Então venha para fora Baalgor e me sirva fielmente. De minhas palavras surgirão suas ações, somente e tão somente quando eu me dirigir a você e disser seu nome e o comando.

Baalgor caminhou lentamente para fora do círculo e olhou para Petas repleto de raiva.

- Chegou a hora de se ajoelhar e me servir. – Petas apontou para o chão.

Ele lentamente dobrou os joelhos e falou: - Sim, mestre!

Apesar de nosso início muito difícil, as horas que se seguiram foram marcadas por uma relação amistosa. Talvez pelo fato de Baalgor ter estado aprisionado há algumas centenas de anos sem falar com ninguém ou para somente pegar Petas desprevenido, mas este se mostrou um tagarela compulsivo.

Difícil acreditar que uma criatura tão medonha tivesse tanto para falar ou uma necessidade tão grande de fazê-lo, mas foi interessante saber um pouco de sua história.

Baalgor era um dos demônios inicialmente criados pelos Primeiros. Como ele mesmo disse:

- "No princípio, na primeira pérola do cordão da existência, havia apenas as cores do caos. Seguindo a infinitude do para sempre, que era aquela primeira esfera, onde as luas contavam-se como todas e como nenhuma..., mas houve o fim da primeira pérola e, com ela, a separação do caos. Formaram-se os reinos superiores e os inferiores e em pouco tempo a sapiência manifestou-se em ambos”.

Segundo ele, aqueles primeiros passaram a se intitular de príncipes demônios, apesar de que alguns atuais príncipes demônios adotaram o título por ter ocupado o trono e as terras infernais de alguns dos antigos Príncipes Infernais.

Ele afirmou que existiam muito antes dos Usurpadores terem existido e tomado o trono celestial para eles, destronando os grandes Titãs.

Para mais fácil entendimento, Usurpadores é como os demônios chamam todos os deuses, os criadores dos mortais, os criadores do plano material.

Petas colocou em Baalgor um selo de ligação. Um nome que tomei a liberdade de criar, apesar de Petas achar este nome um tanto ridículo, mas em suma, este artefato mágico permitia uma ligação tanto do estado físico quanto do mental, assim se por acaso Baalgor quiser dar uma de esperto e tentar destruir Petas, o destino dele seria o mesmo.

Apesar de que o mesmo aconteceria com Petas se eu tentasse enfiar minha espada no coração da criatura. Pode-se se dizer que é algo idiota de colocar em um demônio que quer te destruir, mas era a única forma eficaz de atrasar qualquer tentativa de ele tentar nos matar.

Foi neste momento que com o selo de ligação sua voz mudou, ficando mais humana.

- Certo. Aqui estamos nós. O que quer de mim? É bem verdade que sou um poderoso demônio e que posso realizar vários de seus desejos mundanos. O que quer? Tesouros? Um reino? Mulheres? Vingança? Reino, Mulheres e Vingança?

- Um professor! – Disse Petas com toda a calma do mundo.

- Um o quê???? Deixa que eu faça as piadas infames.

- Um professor, já disse. Busco a compreensão do mundo e da existência. Muitos segredos se escondem e mesmo os olhos dos mais sábios ainda não podem ver.

- Não me entenda mal. Eu não estou aqui esperando que você se fira, isso porque eu iria me ferir. Na verdade, eu adoraria cozinhar sua alma e te sodomizar por toda a eternidade por me fazer passar por esta situação humilhante, mas não espere que eu te leve por uma viagem entre os planos.

- A ideia é muito boa. Você será nosso guia entre os mundos e me ensinará sobre eles e tudo que lá existe. E quando tudo estiver terminado você deixará de ser meu servo. Falou Petas com um leve sorriso no rosto.

Baalgor neste instante bateu contra o próprio rosto e olhou furioso para mim.

- Sou só um auxiliar!!!! Eu falei com toda a pressa.

- Você acha que as coisas são assim? Basta querer que as coisas aconteçam? Como espera ingressar nos reinos profundos?

Petas tirou neste instante uma das joias que recolhi em minha busca e alguns antigos pergaminhos e folhas. Ele os colocou dispostos de acordo com as instruções e recitou as palavras místicas.

Neste momento o retângulo que Petas fez se dissolveu e em seu interior uma luz avermelhada surgiu. Uma névoa lentamente saiu de seu interior e logo em seguida uma escada apareceu, descendo ainda mais para dentro da cripta.

- Você é uma criatura cheia de surpresa... – Disse Baalgor, com certo espanto.

Petas o olhou com um olhar de recriminação que o atingiu em cheio e ele rapidamente falou.

- O Mestre é cheio de surpresa.

- Assim é melhor. Vai à frente e cuidado para não cair – Disse Petas com um ar de sarcasmo.

Baalgor olhou com um pouco de raiva, mas pouco pôde fazer. Lentamente ia desaparecendo enquanto descia os degraus.

Enquanto isso, Petas discretamente me ordenou para deixar um espelho apoiado em um suporte de madeira e uma grande vela acessa e uma tigela com água a sua frente, tudo cercado por um círculo místico de proteção.

Petas sorriu e desceu lentamente até desaparecer. Após terminar cuidadosamente o meu pequeno afazer, desci lentamente pela escada e sabia que estava começando a grande jornada pelo conhecimento.

***


Enquanto descíamos pela escada, Baalgor nos contou um pouco mais da história dos Tempos. O feitiço que Petas havia feito era conhecido com A Ponte de Morrigalti. O nome não parecia nem um pouco original, principalmente quando se conhece A Ponte de Palier, mas os demônios sempre tiveram inveja dos deuses e a criatividade nunca foi muito o forte deles.

De qualquer forma, A Ponte de Morrigalti é um caminho feito pelos demônios ou pelos demonistas para trazer os demônios ao plano material. A magia feita na cripta foi imensamente forte devido ao ponto místico opositor à Ponte de Palier, onde a primeira lição é entender que tudo se completa e se diferencia, em igual, de mesma força e em sentido oposto. Para cada criatura boa existe uma maligna, para cada ato bom existe um mau.

***


“O que havia antes?” – Esta foi a primeira pergunta que fiz a Baalgor e ele pela primeira e única vez me sorriu. Senti um frio terrível na espinha e nunca mais voltei a perguntar nada.

Viajamos posteriormente por diversos Planos de Existência e Petas em busca da verdade sempre perguntou às mais diversas criaturas como tudo havia surgido. Todos tinham sua teoria da criação e todas tão diferentes quanto as criaturas que ele havia indagado.

Disso tudo eu havia chegado à seguinte conclusão: ou todos desconheciam como tudo se iniciou ou então havia um grande complô contra divulgar tal informação. Acabei votando pela primeira conclusão.

***


Baalgor então prosseguiu nos seus “ensinamentos”.

- “As emanações do caos indômito e destruidor, deram origem aos primeiros seres infernais: os príncipes demônios. E oriundos da consciência e emanações das forças da criação nasceram os titãs. Os seres titânicos eram treze e chamaram a si mesmos de Treva, Luz, Água, Terra, Fogo, Ar, Crônus, Crio, Ânimus, Étere, Maná, Entropia e Gênese”.

Ele nos falou que os titãs e os demônios eram duas forças opostas, uma de criação e outra de destruição, e complementares. Que indiscutivelmente havia uma harmonia entre os antigos senhores do universo, as forças criadoras e destruidoras se completavam, governando com sabedoria desde o princípio.

- “Depois de pérolas e mais pérolas de infinito horizonte, as mudanças vieram. A descendência dos titãs trouxe os deuses à existência”. [i]

Baalgor relatou que ao contrário de seus antecessores, os grandes titãs, os deuses eram elementos da ordem e deles surgiu a vida. Porém, para toda a mudança, o antigo deve ceder lugar ao novo e isso pode ocorrer de forma pacífica ou violenta.

A habilidade de criar a vida é algo complexo e necessita que uma parte de sua energia seja doada, o que é algo completamente impossível para os demônios. Para eles o ato da criação ocorre com a manipulação da energia existente no universo que os rodeava.

Baalgor nos confessou em uma de nossas conversas que os deuses haviam adquirido a habilidade de criar a vida, habilidade que os Titãs também possuíam, mas ao contrário dos deuses os titãs eram criaturas instáveis e da mesma forma que criavam também destruíam.

Para os Titãs, entidades de imensos poderes, a ideia de se tornarem obsoletos era algo difícil de entender. Foi assim que os deuses ordenaram a vida a suas primeiras criações, os titãs segundos.

Com isso, a existência passou a ser povoada por titãs, deuses e titãs segundos.

Confesso que a princípio a ideia me pareceu estranha, mas à medida que caminhei pelos reinos inferiores percebi a incapacidade destas criaturas demoníacas em doar algo. Seria impossível para eles, oferecer parte de si para gerar algo novo.

Com isso, os demônios se tornavam limitados em sua capacidade de crescer, pois toda a vida criada com parte de sua energia, mesmo que essa energia seja somente um percentual ínfimo, será muito aumentada e o mais importante é que quando essa deixa de existir como vida, a energia volta a seu criador, o que o torna ainda mais poderoso. Desta forma, ao longo dos tempos, os deuses tornaram-se mais poderosos que os titãs.

Para muitos a ideia de deuses morrerem é algo inconcebível, mas Baalgor me esclareceu friamente a questão.

Os Usurpadores, com todos os seus poderes e imortalidade, são grandiosos; mas sua existência pode ser desfeita. Você acha que as formigas quando o veem acreditam que podem matá-lo? Há, há, há.

- Pobre criatura, tudo pode ser destruído e refeito, nada é eterno, sejam deuses ou titãs. Todos podem ser destruídos quando confrontados por criaturas mais poderosas ou de igual poder. – Disse confiante.

- Então, eu mesmo, um dia, se me tornasse poderoso o suficiente poderia destruí-lo? – Disse Petas com um ar de ingenuidade. Um simples comentário, mas suficiente para deixar um clima tenso, até que Baalgor voltou a falar.

- Poderia sim... se você tivesse tempo e poder para isso. - Falou Baalgor, olhando por sobre os ombros enquanto caminhávamos.

- [i] “Estes filhos desejaram unir-se às criaturas dos reinos inferiores. De sua união surgiram os titãs-segundos. Naquela época deu-se a primeira discórdia. Quando deuses e titãs-segundos uniram forças contra os criadores...”.

Baalgor então explicou: - Os Titãs e os deuses, apesar de opostos, caos e ordem, conseguiram conviver por longo tempo, até que os deuses se tornaram poderosos o suficiente para desafiar seus antecessores. Temendo pela perda de seu poder, os Titãs enfrentaram os deuses. Uma grande batalha correu a existência. Nunca antes foi vista tamanha ferocidade. Os imponentes Titãs lutavam bravamente contra os usurpadores (deuses) e suas crias (Titãs Segundo), pelo domínio da existência.”

- Mesmo os meus criadores temeram tamanha força. Dos antigos titãs, de sua carcaça surgiram os planos moldados pelos Usurpadores e as suas crias foram renegadas ao esquecimento. – Baalgor falava e gesticulava incessantemente com seus olhos repletos de raiva, mostrava seu ódio pelos deuses.

***


Não sei quantos degraus percorremos até a chegada ao plano infernal, mas com certeza foram milhares. Durante todo o nosso trajeto de descida, pensei várias vezes estar preparado para o que pudesse testemunhar, mas nada no mundo iria me preparar para a visão que estávamos prestes a ter.

Como Baalgor havia nos explicado, este plano se divide em 13 domínios, que são os reinos dos 13 Príncipes Infernais e correspondem aos primitivos reinos inferiores que surgiram junto com os antigos reinos materiais. As fronteiras desses 13 domínios possuem um formato bizarro. Os infernos são diversas camadas de reinos em formato de quatro corações humanos, mas de tamanho infinito.

Um coração maior, ou o primeiro inferno, é divido em seus dois átrios (direito e esquerdo) e seus dois ventrículos (direito e esquerdo). Os átrios direito e esquerdo, e o ventrículo direito são ocupados cada um por outro “coração”, que divide cada um em quatro reinos ou infernos, formando ao todo 12 infernos, que é respectivamente o segundo, terceiro..., a décimo - terceiro inferno. O ventrículo esquerdo do primeiro inferno não é dividido e corresponde ao domínio do maior dos príncipes infernais, Morrigalti.

***


A minha primeira visão, que tive ao sair das escadas, foi pisar em um solo rochoso e seco. Sua colocação era avermelhada com grandes manchas negras como se estivesse enferrujando.

O céu rubro e encoberto por grandes nuvens negras quase não permitia a luminosidade da região. Vulcões incandescentes e rios de lavas completavam o cenário desolador a minha volta, mas alheio a tudo isso estava Baalgor que contemplava uma visão mais próxima de uma multidão que parecia se engalfinhar.

Esta é a primeira parada dos condenados que chegam aos reinos infernais e onde são recepcionadas por Escribas Infernais, criaturas que portam grandes livros, carregados por três fortes escravos.

As almas à medida que chegam têm seus nomes mortais ditos e grandes gigantes, mais semelhantes a um grande ogro deformado, empurram a multidão e catam o infeliz.

Neste instante, a alma é logo marcada na “palma da mão” com o símbolo do círculo infernal a que é destinado e unido aos demais.

Em meio à multidão e ao caos organizado pelos Coletores de Condenados, testemunho a dor daqueles que buscam arrependimento de seus atos.

Baalgor empurrou os condenados e passamos em meio a choro e desespero. Os escribas nos notam, mas nada disseram, assim como os Coletores de Condenados que nem mesmo se atreveram a dirigir-se a nós.

Quando deixamos a multidão, pude ver um caminho à frente e o restante da paisagem infernal. Baalgor para por um minuto, respirou profundamente como se quisesse sentir o cheiro de seu mundo de uma única vez e disse cheio de orgulho - Incrível, não é?

- Mestre, você jamais vai ver tamanha beleza em todos os outros planos. As grandes montanhas, conhecidas como Escamas das Serpentes, são os marcos divisórios de cada um dos reinos de meus príncipes.

- Venha, vamos andar pelas grandes e poderosas terras em que vivi grande parte de minha existência. A saudade que enche meu peito... – Disse melancólico.

Por mais estranho que possa parecer, por alguns segundos cheguei a ficar comovido com a saudade que Baalgor sentiu de sua casa, de seu plano de existência. Pensei como deveria ser a vida de tais criaturas neste mundo estranho e sombrio.

A descida pela longa e tortuosa estrada de pedra que se estendia pela face mais íngreme da montanha era difícil e penosa. Todo o cuidado era pouco para não despencar ou, ainda, ser atacado por criaturas selvagens.

Criaturas saídas dos sonhos mais terríveis habitavam a região e se escondiam em cavernas ou sobrevoavam as montanhas. Por mais incrível que se possa parecer, estar entre os comboios de escravos levados para os reinos era o meio mais seguro de se descer a montanha.

Os guardas estavam sempre atentos e atacavam qualquer criatura que tentasse se aproximar. As feras, muitas destas com tentáculos e imensas garras, ficavam a observar os condenados como petiscos para a próxima refeição.

- Os Goliscas são como os felinos em seu mundo. Velozes, estas criaturas ficam espreitando atrás das rochas e de onde tentáculos ficam atravessados no caminho. Quando um condenado pisa em um deles, este tentáculo agarra e puxa violentamente. Muitas das vezes não se é possível fazer nada. Quando se nota que um dos condenados foi pego, é pelo grito e pelo braço ou mão que ficou preso à corrente. – Disse Baalgor.

- Está vendo esta cicatriz em meu ombro? Foi feita por estas criaturas, tive muita sorte em matá-lo com um único golpe. - Baalgor mostrou todo orgulhoso a cicatriz.

A ideia que anteriormente tinha sobre a segurança dos comboios se desfez quando encontramos o que seria os restos de um comboio que havia partido anteriormente. Corpos espalhados em pedaços e o cenário que parecia ter sido de uma grande luta.

- Existem os grandes predadores por aqui também. Os Marcharis, são imensos e possuem seis grandes patas, são recobertos por uma carapaça resistente e possuem dezenas de braços que se estendem para pegar suas presas. Esses braços ficam envoltos a grande boca cheia de milhares de pequenos dentes que trituram tudo que cai em seu interior. – Disse Baalgor.

- Essa foi a criatura que destruiu este comboio? – Disse Petas com um aspecto chocado.

- Muito provavelmente. Existem outras grandes criaturas, mas esta é a mais comum nestas regiões. Maravilhosa, não é? – Disse Baalgor.

A afirmação de Baalgor nos trouxe a impressão de que sentia orgulho pelo fato de que tal criatura tivesse devorado os escravos e mesmo os guardas. Mais tarde eu viria a entender que os demônios são não somente uma das entidades mais invejosas do universo, mas também as mais competitivas. Para eles existe uma necessidade patológica de vencer sempre, mesmo que para isso seu companheiro seja usado para que ele possa subir.

O que não impede que os demônios trabalhem em conjunto, mas ao menor sinal de fraqueza dos companheiros, os mais fortes não pensariam duas vezes antes de usá-los como iscas para seus inimigos.

O comboio parou diversas vezes até alcançar o que seria o primeiro sinal de “civilização”. Apesar de ser mais segura a viagem por estas terras desoladas, o comboio era um alvo apetitoso para as feras que viviam ali.

Como uma imensa procissão, o comboio se arrastou por quilômetros, atraindo em seu encalço diversas criaturas demoníacas.

Foi neste período que entendi a diferença entre demônios e criaturas demoníacas.

Os demônios são seres inteligentes, como várias raças existentes no mundo material, já as criaturas demoníacas são fauna e flora locais, o que não os tornam menos perigosos que os demônios.

A primeira cidade que vimos foi a grande cidade de Farzelo. Suas grandes muralhas feitas em rocha delimitavam a cidade e impediam a visão de seu interior.

O grande portão feito em pedra era uma das grandes defesas contra as criaturas existentes do lado de fora, mas também uma prisão para outras tantas criaturas perigosas que habitavam seu interior.

Guardado por imensos soldados bem armados, a primeira imagem que tive da cidade foi de espanto. A cidadela era encantadora, com ruas limpas, prédios novos e bonitos.

- Não se engane com as aparências, por mais estranho que possa parecer para os olhos dos condenados, as cidades são criadas de forma a serem verdadeiros labirintos, mais se assemelhando a prisões. - Falou Baalgor – Os príncipes adoram se divertir com os recém-chegados dando falsas esperanças aos condenados.

O comboio chegou ao que seria o centro da cidade e alguns escravos foram entregues ao guardião do local.

- Nada muda neste covil de vermes. Simonio ainda é o guardião desta cidadela. Ele cobra dos comboios de escravo um pequeno pedágio para terem uma passagem segura pela estrada local.

- E o que ele faz com estes escravos? – Perguntou Petas com receio da resposta.

- O que se faz com um escravo? Ele é entregue aos grandes senhores que os “usam” até não terem mais utilidade. Alguns são usados como instrumentos sexuais, outros como servos, mas para muitos o destino é alimentar o apetite dos grandes príncipes.

- As almas são poderosas fontes de energia e permitem que se aumente a energia daqueles que o consomem. Vocês são iguarias deliciosas. – Disse Baalgor.

Naquele instante a dor e a repugnância tomaram conta de meu ser, quase me impeliu a atacá-lo, mas sabia que se fizesse iria acabar ferindo Petas e eu estaria perdido neste lugar amaldiçoado.

A magia que mantinha o acordo também nos obrigava a seguir certos códigos. Petas havia me dito que não poderíamos deliberadamente colocar em risco a existência do demônio enviando-o em uma missão suicida ou atacá-lo provocando sua destruição, apesar de poder castigá-lo com força ser possível.

Continuei a olhar as pobres almas sendo entregues, sem saber que o destino de muitas delas era para alimentar o apetite do governador local. Uma das coisas que aprendi neste mundo é que os demônios estão sempre famintos de nova energia.

Para conseguir alimentar-se, deveria extrair a energia do ambiente, algo muito semelhante a criar seus filhos ou então consumir as criaturas existentes em seu plano, mas preferencialmente almas de condenados, pois além de terem “um gosto melhor”, como afirmou Baalgor, confere maior poder ao demônio.

- Os Convertidos são sempre saborosos quando jovens, mas à medida que envelhecem se tornam fortes e poderosos como nós, os Provindos, que fomos criados pelos nossos senhores.

Pode parecer estranho para nós, mas os demônios são divididos em dois grandes grupos, os Provindos e os Convertidos. A diferença entre eles é exatamente como foram originados.

Os Provindos são todos aqueles que foram criados por outros demônios, já os Convertidos são aqueles que foram transformados em demônios pela sua filosofia de vida ou pelo seu credo.

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Um dos conhecimentos divididos por Baalgor conosco, foi a origem da batalha entre deuses e demônios. Aparentemente viviam em um armistício, na falta de uma palavra melhor para definir a situação em que se encontravam.

Contudo, tudo isso mudaria depois que os demônios passaram a vigiar e perceber o crescente poder dos deuses após a criação do mundo material.

- Por muitos séculos, observamos pacientemente os Usurpadores a moldar a existência recém-criada, usando as formas dos antigos Titãs e moldando-as à sua maneira. Mas foi quando os mortais foram criados que a cobiça tomou conta de nosso ser. – Tocando violentamente seu peito ele esfregou os lábios.

- Os campos de almas eram como delícias a serem conquistadas. A força dos deuses estava em suas criações mortais e frágeis. Como se poderia imaginar que depois de anos de existência, a alma amadurecida pela existência ao ser devolvida a seu deus criador o tornaria tão forte?

Uma das coisas que pudemos entender nos demônios é sua limitação em criar e a inveja que isso causa a eles. Apesar de todo seu poder, de seu mundo e de seus filhos, é na criação do mundo e da vida que os demônios mais sentem a frustração.

Baalgor é um daqueles que sempre se vangloriava de suas vitórias e de suas capacidades, mas buscava sempre no outro as qualidades que nunca conseguia ter.

Assim como os deuses, os demônios tinham a capacidade de criar, mas a grande diferença entre eles começa exatamente no ato da criação. Os deuses ao criar a alma das criaturas mortais, retiram parte deles.

Foi aí que percebia que a frase “Nós somos parte dos deuses” era a mais profunda verdade. Cada qual era feito de parte deles e era com o nosso crescimento, com nossas experiências que iríamos enriquecer esta alma e quando retornasse para os deuses esta seria mais forte do que a parte inicial, o que ampliaria a própria força dos deuses.

Entendi o porquê dos demônios tanto cobiçarem as almas dos mortais.

A forma como o demônio criava seus descendentes é semelhante à da criação de um cristal, onde minerais se depositavam e tomavam forma a partir de um cristal inicial. Através da manipulação da energia ambiente, este usava parte de seu corpo como fonte catalisadora do processo de formação, onde um novo demônio iria brotar de seu corpo. Com isso um demônio ao nascer, tinha as mesmas capacidades e poderes de seu “pai”, contudo ainda não tinha conhecimento para fazer uso de todo este poder. Mas o mais importante é a incapacidade de doar parte de sua essência, o que pode ser chamado de alma, para que o novo ser evoluísse e crescesse, isso acabava por limitar a sua criação.

O mesmo ocorreu com os deuses e outras entidades que passaram a compor o plano infernal. Estas perderam a capacidade de doar parte de si para criar outra vida. A incapacidade de doar parecia ser um pré-requisito para ser um demônio.

Os demônios criam seres que mais são que copias suas e que à medida que o tempo passava, tornam-se criaturas diferentes. É nesta diferença da gênese que se baseava a natureza dessas criaturas.

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Mais do que simples diferença de “nascimento”, estas são completamente diferentes em suas capacidades e poderes.

Os Provindos nasciam já maduros por assim dizer e são os mais conhecidos entre os povos de Tagmar. Capazes de existir por milhares de anos, foram criados como uma cópia pelos seus antecessores para desenvolverem atividades serviçais, criados mais como escravos do que como filhos.

Desde seus primeiros momentos de existência, os jovens Provindos são poderosos e fortes como seus criadores, sendo, contudo, ainda inexperientes, o que não os tornam tão ameaçadores quanto outros mais velhos.

Uma das coisas que se podia aprender neste local é que os mais velhos é que são verdadeiramente ameaçadores, pois tem controle completo de suas capacidades místicas e de sua força, muitas das vezes não agindo pela impulsividade.

Já os Convertidos eram mais diversificados, pois eram provenientes das mais diversas raças. Ao contrário dos Provindos, mais frágeis e fracos, sendo que a grande maioria que chegava neste plano não passava de escravos ou alimentos para os Provindos.

Baalgor explicou que os Convertidos tinham uma flexibilidade no aumento de seu potencial para o controle de poder, podendo ascender rapidamente, algo incapaz para um Provindo. Mas existe um, porém, enquanto um Provindo podia viver por mais de 1 milênio, um Convertidos chegava no máximo a 3 séculos.

Os Primeiros, assim como eram conhecidos os príncipes demônios, existiam há muitas eras e de onde vieram posteriormente a criar os Provindos. Os Primeiros criaram seis subtipos de Provindos, cada qual iria servir ao seu criador com temor.

Entendendo um pouco sobre os subtipos dos Provindos, pude determinar que Baalgor é do subtipo de terceiro nível, que no mundo material era conhecido como um demônio do tipo III.

Estas criaturas já nascem brutas como cópias de seus criadores, tendo posse de grandes poderes, mas incapazes de manifestá-los conscientemente por seu desconhecimento de suas habilidades.

Mas mais do que simples diferenças fisiológicas existem uma ampla diferença de poder. A variação de poder entre os membros que compõem o mesmo subtipo é pequena, mas entre subtipos é imensa.


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